TEMPO SAGRADO E OS CALENDÁRIOS
O que é um calendário? Como apareceu o calendário?
O que os calendários têm a ver com as religiões?
As tradições religiosas geralmente têm datas importantes comemoradas nas festas. Muitas comemorações estão narradas nos seus textos sagrados, o que evidencia a importância da temporalidade nas mais diversas tradições religiosas.
A temporalidade sagrada se manifesta, também, no calendário que remete aos ritos e às festas. Outra maneira de estudar o tema é através dos diversos mitos da criação, onde encontramos uma das formas de entender a origem das coisas. Podemos citar como exemplo o mito da criação judaico-cristã e o mito da criação de origem africana.
A temporalidade pode ser percebida e comemorada também, através dos ritos de passagem ligados ao ciclo vital realizados no nascimento, nos momentos importantes da vida e morte de lideranças e fundadores das tradições religiosas. Também são celebradas as passagens das estações, a virada de ano, a colheita, o plantio, entre outros momentos.
Momentos importantes ligados ao tempo sagrado nas Tradições Religiosas:
Cristianismo: Natal, Ano Novo, Páscoa, Ascensão de Cristo, Corpus Christi, Finados entre outros.
Hinduísmo: Diwali - Ano Novo, Holi (chegada da primavera), Kumba Mela (grande festival)
Judaísmo: Rash Hashará (Ano novo), Shovaut ou Pentecostes (festa das colheitas), Pessach ou Páscoa (êxodo ou saída da Egito).
Tradição Afro: Iemanjá (celebração de ano novo), Páscoa (Umbanda)
Islã: Eid-ul-abda (acontece no décimo dia de Dhul-Hijjh, último mês do ano), Ramadhan (mês sagrado).
Tradição Indígena: Kikikoi (ritual Kaingang, realizado entre os meses de abril e junho - festa da vida além morte), Povo Inca – Inti, o deus Sol (comemorado no final do inverno)
Budismo: aniversário do Buda – Hanamatsuri/Kambutsu-e, e o Dia - Ano Novo – Shusho-e.
Atividade 1
a) Pegue um calendário e verifique como todos os feriados religiosos são católicos. Por que você acha que o nosso calendário só marca feriados cristãos?
b) Pesquise as datas festivas das diversas tradições religiosas e monte um calendário inter-religioso.
Depois faça uma exposição na sua escola.
Calendário – Sistema de medição do Tempo
Cada pessoa pode contar e também perceber o tempo de maneiras diferentes. Os calendários são formas organizadas de registros da passagem do tempo que têm como finalidade, estabelecer um sistema de contagem do tempo comum e compreensível a todos.
Os calendários podem ser compreendidos como um sistema que organiza o tempo na vida civil, nas obrigações religiosas e marcação de eventos científicos. De acordo com as origens astronômicas o calendário possui unidades de dias, meses e anos, além das semanas. Os calendários relacionados a inspiração religiosa, ou seja, que estão ligados a uma cosmologia geralmente recaem sobre a origem do universo ou o nascimento de um agente divino.
As primeiras civilizações humanas, desde quando passaram a se organizar e compartilhar da vida em sociedade, procuraram estabelecer critérios próprios para medir o tempo. Assim, podemos dizer que existiram tantos calendários na história da humanidade que seria impossível lembrá-los neste texto.
Para as primeiras civilizações a contagem do tempo e a organização dos calendários era tão importante como é atualmente, pois disso dependia a própria organização enquanto sociedade. Porém, diferente da atualidade, a importância dessa contagem não estava essencialmente voltada a questão econômica. A contagem criteriosa do tempo tinha um sentindo mais sagrado e mitológico. Alguns textos sagrados podem ajudar a compreender esta relação.
No primeiro livro da Bíblia, (livro sagrado da tradição judaica – cristã) conhecido como Gênesis, encontramos a descrição dos seis dias da criação do mundo. No quarto dia, quando Deus criou as três categorias de astros (sol, estrelas e lua), foi instituído a estes a missão de iluminar a Terra, distinguir o dia da noite e marcar as porções de tempo. (ELIADE, 1992).
O Corão, (livro sagrado dos muçulmanos) descreve que Alá criou também a Lua que se tornou um astro útil para que as pessoas pudessem conhecer o número dos anos e a medida do tempo.
A partir destes exemplos, podemos lembrar que o sol e a lua, os astros mais presentes durante a evolução da humanidade, foram as grandes referências para a construção dos sistemas de medição do tempo. Temos, portanto, basicamente dois tipos de calendários: o solar e o lunar. No entanto, os dois padecem de um problema que acompanhou todas as outras tentativas de se medir com precisão o tempo: a incomensurabilidade.
Tempo cíclico: é aquele em que o fim é sempre um novo começo. Por exemplo, na cultura hindu, na qual a reencarnação é uma crença religiosa, o tempo é cíclico, pois a morte significa uma nova vida. (SILVA, p. 390). Para os iorubás, tudo o que acontece é repetição, pois já foi experimentado antes por outro ser humano, por outro antepassado, pelos próprios orixás. (PRANDI, 2001).
Tempo linear: é aquele que acredita em um único início para o mundo, o universo e a história, e em um único final. Por exemplo, a crença judaico-cristã. A grande diferença entre o tempo linear e o tempo cíclico é que, enquanto para o primeiro a história tem começo, meio e fim, para o segundo ela está sempre recomeçando. (SILVA, p. 391)
Contínua no próximo.
Astor Fiegenbaum
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